IML e Ministério Público de Alagoas unem esforços para resolver acúmulo de corpos

Cruzamento de dados é a estratégia adotada para liberar corpos já necropsiados

Por Da redação | www.portalalagoasnt.com.br 02/04/2024 - 14:41 hs
Foto: Ilustração/Portalalagoasnttv


Após uma reunião em caráter emergencial, o Instituto Médico Legal (IML) e o Ministério Público de Alagoas (MP/AL) decidiram unir esforços para proceder com a liberação de parte dos corpos que estão acumulados na sede do IML. Mesmo após a realização das necropsias, 284 cadáveres ainda não foram liberados para sepultamento.

 

 

O encontro teve como objetivo obter informações mais detalhadas sobre os corpos e ossadas mantidos no IML e a real necessidade de inumações na capital alagoana. A reunião contou com a participação da coordenação do Programa de Localização e Identificação de Desaparecidos de Alagoas (PLID/AL), no intuito de adotar estratégias para o escoamento, em caráter emergencial, dos corpos já identificados. Atualmente, o IML possui 284 corpos já necropsiados aguardando liberação.

 

A promotora de Justiça Karla Padilha, titular da Promotoria de Justiça do Controle Externo, ressaltou a gravidade da situação.

 

"Ao constatarmos a quantidade elevada de cadáveres e ossadas no IML, alguns deles acomodados há mais de dez anos, realizamos essa reunião para buscar um cruzamento de dados e, assim, liberar, inicialmente, os corpos cujos nomes constam na lista de buscas do PLID", afirmou Padilha.

 

A promotora destacou que o armazenamento de cadáveres não é responsabilidade do IML, e que é necessário resolver totalmente esse problema, pois se trata de uma questão de saúde pública.

 

"Isso é um problema de saúde pública e não é função do IML acumular cadáveres, mas sim realizar laudos necroscópicos em casos de crimes violentos e identificar autoria, quando necessário", explicou.

 

Em resposta ao Ofício da 62ª Promotoria de Justiça da Capital, o diretor do IML, Felipe Porciúncula, informou sobre a existência de 78 corpos e 46 ossadas provenientes de diversas áreas de Maceió, além de outros 51 corpos e 46 ossadas recebidos de municípios alagoanos.

 

 

Segundo o diretor, há também 64 ossadas armazenadas no período de 1998 a 2014, totalizando 284 corpos e ossadas. Porciúncula ressaltou que todas essas ocorrências já foram necropsiadas e aguardam medidas para garantir sua inumação, considerando a natureza emergencial da situação.

 

Durante a visita ao IML, o Ministério Público constatou a falta de cruzamento de dados entre os cadáveres identificados e não reclamados com os registros do sistema Sinalid. Essa possibilidade de cruzamento pode ajudar a identificar corpos que correspondam a vítimas de desaparecimento presentes na lista da rede PLID/AL.

 

A promotora de Justiça e coordenadora do PLID, Marluce Falcão, ressaltou a importância dessa mobilização e o que ela representa.

 

"A pedido do diretor atual do IML de Maceió, em apoio à 62ª Promotoria de Justiça da Capital, o PLID/MPAL está realizando buscas de familiares com base na identificação datiloscópica dos cadáveres sob custódia do IML. O trabalho é complexo e requer cooperação de outros órgãos, e nessa situação, é urgente encontrar os familiares e realizar a inumação dos corpos já identificados", afirmou Falcão.

 

O diretor do IML destacou a necessidade de vagas para inumações, mencionando a falta de 260 gavetas para atender às necessidades do instituto. Ele ressaltou que, para resolver definitivamente essa situação, são necessárias 360 gavetas, considerando o tempo necessário para exumações, que é de três anos.

 

No momento, o IML possui 29 gavetas disponíveis no Cemitério São Luiz e outras 70 no Cemitério de São José, no bairro PradoTítulo: Novo projeto de revitalização pretende transformar bairro histórico em ponto turístico